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Furnace Voyage in Petrol Gardens The Space Conductors Are Among Us – Part 1, no P/////AKT
DATA
05 Fev 2020
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AUTOR
Myles Francis
Na tentativa de compreender o que surgiu e desapareceu antes de nós, olhamos sempre para os artefactos culturais e as relíquias familiares que sobreviveram aos processos promulgados pelo tempo. Contudo, ao examinar estes artefactos – um vaso de terracota, uma escritura em papiro, sarcófagos –…

Na tentativa de compreender o que surgiu e desapareceu antes de nós, olhamos sempre para os artefactos culturais e as relíquias familiares que sobreviveram aos processos promulgados pelo tempo.

Contudo, ao examinar estes artefactos – um vaso de terracota, uma escritura em papiro, sarcófagos – o que encontramos não é particularmente revelador, nem acrescenta uma nova compreensão sobre as cidades e as civilizações perdidas, mas sim sobre a nossa própria sociedade, as nossas próprias culturas e, de forma mais vincada, sobre as nossas próprias conceções de tempo – uma necessidade profunda de o prevenir, preservar e proteger.

Afinal, o tempo é extremamente inconstante na natureza, especialmente no que nos diz respeito. E é esta relação que Stian Ådlandsvik procura explorar na sua mostra, intitulada Furnace Voyage in Petrol Gardens The Space Conductors Are Among Us – Part 1, no P//////AKT. Ao percorrer o tempo e o espaço, Ådlandsvik considera os meios, técnicas e processos da sua prática como um sítio acolhedor e poético para a condução entre loci geográficos, as suas épocas, e as ideias e conhecimentos que brotaram desses períodos. Ao fazê-lo, o artista reafirma as histórias individuais destes artefactos e as suas capacidades para comunicarem essas histórias.

O tempo é um desafio. A aplicação da história cultural à nossa conceção de tempo torna-se também desafiadora; invocar perspetivas novas e diferentes pode servir apenas para manchar, obscurecer e reformular.

O que Ådlandsvik procura sugerir é que o tempo presente não é linear, não está separado do tempo passado. Como o artista demonstra, é uma conexão formada a partir dos significantes da cultura partilhada. Ådlandsvik cura o nosso presente e passado para questionar as similitudes e dissimilitudes entre ambos, que podem não existir sequer nas nossas mentes racionais, mas sim e apenas em virtude de uma falsa conceção de tempos presentes e passados recortados entre si.

Até 1 de março.

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