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A arte de Mishima Kimiyo, na Sokyo Lisbon
DATA
09 Dez 2020
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AUTOR
Diogo Graça
Será até 16 de janeiro que a arte de Mishima Kimiyo estará em exposição na Sokyo Lisbon. Nesta que é a sua primeira exposição, a galeria lisboeta apresenta um conjunto de obras da artista japonesa, que propõe uma reflexão madura e pertinente sobre a contemporaneidade,…

Será até 16 de janeiro que a arte de Mishima Kimiyo estará em exposição na Sokyo Lisbon. Nesta que é a sua primeira exposição, a galeria lisboeta apresenta um conjunto de obras da artista japonesa, que propõe uma reflexão madura e pertinente sobre a contemporaneidade, o desperdício e o consumo.

Dispostos pelo espaço de forma equilibrada, a maior parte dos trabalhos consiste em peças de cerâmica aplicada, prática que marca a produção artística de Mishima desde os anos 70.

O destaque da exposição converge organicamente para os comic books, mas peças como Newspaper ou os Paper Bags contêm em si um domínio de técnica igualmente apurado, num detalhe de minúcia e realismo verdadeiramente ímpar.

Além do apuro técnico impresso nas obras de Mishima, a exposição também se engrandece pelos universos pictóricos e culturais evocados. Ora pelas latas de refrigerantes, ora pelos livros de manga – que exploram os domínios da cor, da forma e da energia de modo acurado – uma outra camada de leitura sobre os hábitos contemporâneos emerge, aportando uma estimulante, mas subtil reflexão sobre a produção em massa e o consumismo desmedido.

A opção de expor obras de diferentes décadas de trabalho da artista constituiu-se como outro ponto positivo. Apesar do risco de combinar obras temporalmente tão díspares numa aérea espacialmente tão íntima, a possibilidade de desfalcar a coesão não se concretizou e a curadoria de Atsumi Fujita mostrou-se criteriosa, acertada e inteligente.

Mishima Kimiyo marca a abertura de uma nova galeria em Lisboa e declara desde, e com, este primeiro momento, que traz consigo referências visuais, plásticas e culturais asiáticas pertinentes, ricas e consistentes. Através das suas cerâmicas e outros trabalhos, uma visita à Sokyo Lisbon até ao início do próximo ano permitirá uma breve, mas poética e delicada viagem ao Oriente.

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