article
Amuse-Bouche, na Galeria Foco
DATA
17 Mai 2021
PARTILHAR
AUTOR
Beatriz José
A Galeria Foco abre um novo espaço na Rua Antero de Quental com a exposição coletiva Amuse-Bouche, patente até 29 de maio. A mostra conta com a participação de 13 artistas nacionais e internacionais: Clara Imbert, Francisco Osório, Hugo Cantegrel, Luísa Salvador, Manuel Tainha, Márcio…

A Galeria Foco abre um novo espaço na Rua Antero de Quental com a exposição coletiva Amuse-Bouche, patente até 29 de maio. A mostra conta com a participação de 13 artistas nacionais e internacionais: Clara Imbert, Francisco Osório, Hugo Cantegrel, Luísa Salvador, Manuel Tainha, Márcio Vilela, Mia Dudek, Nádia Duvall, Pauline Guerrier, Rudolfo Quintas e Sarah Valente, artistas que mantêm já uma relação com esta galeria, quer através de exposições individuais, coletivas ou presenças em feiras; mas conta também com as duas estreias de Bence Magyarlaki e Maria Appleton.

Após quatro anos de atividade e criatividade, a Galeria Foco continua a criar-se e redimensionou-se para este antigo stand de automóveis, com dois andares e uma janela para a rua que, com 10 metros de comprimento, serve de cartão-de-visita a quem passa. O espaço na Rua da Alegria não deixará de existir e passará a ser um project space dedicado a uma expressão mais livre e experimental.

O desejo de expansão e o potencial deste espaço aliaram-se para oferecer uma base única para a linha programática da galeria, que podemos agora provar em modo appetizer, tal como o nome da exposição de apresentação sugere. Amuse-Bouche introduz-nos ao futuro da programação do espaço: é um trailer do trabalho dos artistas que até 2024 poderão explorar e atuar nesta nova casa.

Apesar de não haver um tema global forçoso, já que cada um dos artistas expressa o seu universo, a exposição é entendida como um todo que versa o espaço, com enfoque à atenção especial dada à cenografia e ao diálogo entre as peças, que se relacionam e exercem força de destaque umas sobre as outras – a justaposição da obra de Francisco Osório, que esconde e que destapa as três peças poéticas e teatrais de Hugo Cantegrel; ou a obra stand alone de Clara Imbert, que através da tridimensionalidade e da arquitetura desta escultura pendular permite ver a opacidade contrastante dos pastéis iluminados de Nádia Duvall.

O ponto de convergência desta exposição prende-se com o facto de todos os artistas trabalharem, de formas mais ou menos evidentes, a sua relação com o espaço. É esta a linha curatorial que, partindo de uma seleção muito natural e orgânica dos artistas emergentes que orbitam o percurso da Galeria Foco, se centra nos vários meios usados e diversidades de exploração do espaço físico. Fá-lo de forma simples e acessível e, nas palavras do galerista Benjamin Gonthier, de uma forma fresca.

A mostra convida a pensar o espaço que ocupamos, a contenção do corpo físico, a espacialidade e a duração do tempo. Bence Magyarlaki apresenta duas esculturas que contestam o espaço e se rebelam em curvas dançantes, o oposto do material em que são concebidas, ditando que estamos destinados a ocupar um espaço mais vasto do que qualquer regra arquitetónica. As obras de Mia Dudek também respondem à arquitetura e prometem entornar para lá dos limites corpóreos e também espaciais da galeria, já que ocupa um espaço entre os dois pisos. Sarah Valente faz-se valer da força estrutural do mármore e Luísa Salvador da fragilidade do papel, ambas para endereçar ao pensamento sobre a nossa posição face aos elementos naturais, lado a lado expostas. A combinação dos 13 artistas permite provar as variações e a liberdade com que cada um pensa o espaço e, sobretudo, como cada um irá pensar este espaço quando for a sua vez de o ocupar.

Maria Appleton será a primeira a abrir o apetite, em Junho, com um menu mais completo inspirado na peça que apresenta em Amuse-Bouche. Non, je n’ai rien oublié é uma peça em têxtil de parede que joga já com a ideia de transparências e abordagem do espaço, apesar de ainda não focar o carácter site-specific do que estará por vir. Para o final do ano, poderemos ver as individuais de Clara Imbert (Setembro-Outubro 2021) e Nádia Duvall (Novembro-Dezembro 2021).

Como nos diz o texto de sala, esta exposição coletiva “deve despertar o seu paladar, despertar os seus sentidos e alimentar a sua imaginação.” Através da amostra singular de cada um dos artistas, ficamos em bicos dos pés para o desenrolar do resto da refeição.

Amuse-Bouche, patente na Galeria Foco, pode ser visitada até 29 de maio.

PUBLICIDADE
Anterior
article
Maiden Voyage, na MONITOR Lisbon
17 Mai 2021
Maiden Voyage, na MONITOR Lisbon
Por Margarida Alves
Próximo
article
Gaia: Salomé Lamas no gnration
20 Mai 2021
Gaia: Salomé Lamas no gnration
Por Ana Martins