“A Media Art vai sendo explorada ao ritmo com que as pessoas vão absorvendo as novas plataformas”
Em 2015, uma das obras vencedoras da Bienal Jovem da Jov’arte foi a fotografia Retrato Coletivo: 60 pessoas, um projeto que ainda está em aberto e que consiste em conjuntos de fotos de longa duração. Durante um mesmo período de tempo, várias pessoas são colocadas em frente à câmara: a luz que refletem vai queimando o filme ao longo da exposição, permitindo que se capte a acumulação dos reflexos de luz que definiram a presença dos fotografados. O resultado é “um vulto que não é ninguém, mas são todos”, conta André Martins, o autor da peça, que é também um dos cinco finalistas ao prémio Sonae Media Art.
Está a concluir a licenciatura em Arte Multimédia na FBAUL e já este ano vai contar com as suas duas primeiras exposições: a exposição coletiva no final do ano, no MNAC (Museu Nacional de Arte Contemporânea), que será avaliada pelo juri do Prémio Sonae Media Art para decidir o grande vencedor, e a exposição individual resultante da Bienal Jovem 2015 da Jov’arte, que irá acontecer em Loures, de junho a setembro.
Ainda em início de carreira, o interesse pela media art já vem desde a sua adolescência, numa altura em que “passava horas a descobrir artistas na internet e a tentar descobrir os diferentes médios”, conta à Umbigo. Claro que o interesse na área expandiu-se (e definiu-se) com a licenciatura em Arte Multimédia, onde se permitiu conhecer artistas e obras que o influenciaram, mas já durante a sua primeira licenciatura, em enfermagem, o interesse estava lá.
“Para além de sempre ter feito Teatro, o que me deu algum contacto com a Performance, tinha um grande gosto pela Fotografia e pelo Vídeo, tal como por Tecnologia e pela internet”, um gosto que levava André Martins a criar experiências que partilhava em plataformas online com o propósito de receber feedback.
Porque a Media Art é uma área ligada à tecnologia digital e eletrónica, “vai sendo explorada à medida e ao ritmo com que as pessoas vão absorvendo os novos dispositivos e as novas plataformas”, explica André Martins. Por ser uma área em constante mutação, a Media Art, segundo o artista, “tem algum atrito na exploração por parte dos artistas e na educação dada nas academias de arte; e por requerer uma sensibilidade às novas tecnologias, que, ao contrário do que acontece com as mais tradicionais, as pessoas ainda não têm bem assente, também acaba por afetar a sua procura feita pelos museus, galerias ou concursos”.
Uma visão que se tem vindo a alterar, e na qual “o prémio Sonae Media Art desempenha um papel fundamental, pois cria um espaço para a visbilidade destes” aponta André Martins, que acabou de entregar a proposta a apresentar no MNAC: “um projeto que vai misturar diversos media e que irá existir entre o online e o offline”.