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Elena Moreno: sem digerir
DATA
27 Dez 2017
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AUTOR
Ana Campos
Sin digerir é uma coleção que une as duas profissões de Elena Moreno, a de restauradora e a de joalheira. Ambas são orientadas por critérios e normas. Neste caso, rompe muros criando joias que são fruto da experimentação com o material, sendo este o eixo…

Sin digerir é uma coleção que une as duas profissões de Elena Moreno, a de restauradora e a de joalheira. Ambas são orientadas por critérios e normas. Neste caso, rompe muros criando joias que são fruto da experimentação com o material, sendo este o eixo de união profissional. São joias concebidas para trazer uma nova vida a um material que vem de um ser vivo, já que recorre a ossos de egagrópilas. Com estes cria estruturas que formam ninhos donde nascem esses mesmos seres vivos. Assim, encerram-se vários círculos: cadeia trófica, vida e uso. Os ossos falam de reutilização, reciclagem, vida e morte. Questionam o valor do material e buscam uma reação, um desejo à primeira vista e a repulsão para conhecer a sua precedência.

A poética desta obra de Elena Moreno reside na conjugação de fragmentos constituídos por ossos de egagrópilas, associados de modo a formar ninhos ou cestos. Do ponto de vista da recepção, o fragmento retarda a leitura do todo, constituindo-se como elemento que pode ser único mas que, no entanto, se engloba numa peça da qual faz parte integrante.

Em Sin digerir estamos perante obras de arte que nos desafiam a dialogar e interpretar sentidos velados. No entanto, embora a arte se caraterize pela ausência de qualquer função, neste caso existe a função joia, como broches que podem ser usados no corpo. Pretendem dialogar connosco e não adornar o corpo. Estas peças são leves visualmente, assim como do ponto de vista físico. Apresentam um ar monocromático, recorrendo à cor natural dos ossos que, unidos por fio de metal, foram consolidados com técnicas de restauro. Cada peça lembra a palavra oximoro. Os fragmentos são orgânicos, compostos de pequenos ossos que se conjugam em formas geométricas laboriosas e complexas.

Elena Moreno Ribas nasceu em Madrid em 1984. É diplomada em Conservação e Restauro de Bens Culturais pela Escola Superior de Conservación y Restauración de Galicia (2004-2008), especialidade Arqueologia. Ao terminar os seus estudos recebeu uma bolsa do museu Arqueológico Regional da Comunidad de Madrid (2008), através da qual se tornou estudante/trabalhadora na escola/atelier de Restauro Paleontológico de Teruel (2008-2010). Ampliou os seus estudos realizando o Mestrado Universitário em Tecnologias para a proteção do Património Cultural imóvel da Universidade de Vigo (2010-2012). Simultaneamente, em 2011 começou a trabalhar no IPHES, (Institut Catalá de Paleoecologia i Evolució Social), Tarragona (2011-actualidade). Também em Tarragona começou a estudar na Escola de Arte y Design, em primeiro lugar num curso monográfico de cerâmica (2012-2013) e, seguidamente, no Ciclo Superior de Joalharia Artística (2014-2017). Depois de terminar os estudos recebeu o 2º prémio na categoria Artística Júnior do IV Premio Internacional Barcelona de Joalharia  atribuído pela joalharia Tomas Colomer. Expôs o projeto de final de ciclo no Futur Excel·lent 2017 (El Born, Barcelona) e na Joya 2017 em Santa Mónica (Barcelona), onde ganhou o prémio Alchimia Student 2017 e o Enjoia’t em duas categorias: prémio de opinião e o 1º prémio na categoria de estudante. Expôs também  na galeria Basílica no panorama da OffJoya 2017. Recentemente foi selecionada para expor na Schmuck 2018, em Munique.

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