article
Parabéns Lux Frágil
DATA
24 Jan 2018
PARTILHAR
AUTOR
Mariana Ferreira Machado
20 anos é quase a minha vida inteira. E foi há sete que entrei pela porta do Lux pela primeira vez. E claro que, como primeira vez que foi, nunca se esquece. Sobretudo neste caso, e nesta casa, porque nunca imaginaria que entrar ali ia…

20 anos é quase a minha vida inteira.

E foi há sete que entrei pela porta do Lux pela primeira vez. E claro que, como primeira vez que foi, nunca se esquece.

Sobretudo neste caso, e nesta casa, porque nunca imaginaria que entrar ali ia mudar a minha vida de tantas maneiras.

Não falo só da minha vida noturna. Falo dos valores e dos amores que o Lux nos incute sem saber, falo dos ouvidos que apura e daquela magia pura, do bom gosto, de tanto rosto, da boa companhia e das noites sem fim, as manhãs de agosto, a paixão que passou ou o desgosto que sobrou…

E se falarmos do Lux como entidade, lembramos a sua luz, que como a dela não há igual. A de dentro e a de fora, porque é assim que brilha e assim que nasce, naquela liberdade que roça o esquecimento, a de deixar o dia entrar pela noite dentro.

E há sempre o deslumbramento. A batida. O movimento.

A verdade é que o Lux não é só uma discoteca. Para mim, tal como para centenas de pessoas, passou a ser um lugar meu.

E das inúmeras razões que fazem dos lugares nossos, está sobretudo o conforto. Desminto quem diga que não se sente conforto atrás das colunas, sentado no terraço ou a balouçar na pista. É um conforto que faz bem ao corpo, aquele com calor em vista.

O conforto do Lux somos nós calados.

Perto ou dispersos em qualquer piso. Ou abraçados.

Porque no Lux encontramo-nos sempre, e sempre como se fosse antigamente.

“I was here the whole time” porque até as paredes têm palavras.

“We cannot escape from each other”, porque até aos balcões se marcam reuniões.

“May a dream make love to you” porque não fui eu, amor, és tu.

Quantas vezes chegámos frágeis e saímos imparáveis?

Quantas manhãs e promessas de amanhãs?

Quantas vezes quisemos que não acabasse? E aquelas que saímos a fugir? Porque o mundo estava prestes a ruir, e nem o poder e o vigor se levantaram com gruas.

Nem com palavras tuas.

Quantas vezes quisemos ser as personagens das noites com tema?

Quantas vezes fomos ao Lux, para ir ao cinema?

E quantas noites nos souberam a poema?

São 20 anos e ainda temos tanto por viver.

Parabéns, Lux. Por nos continuar a fazer sonhar com o entardecer.

PUBLICIDADE
Anterior
article
Um polvo chamado ateliermob – Tentáculo 2
23 Jan 2018
Um polvo chamado ateliermob – Tentáculo 2
Por Filipa Penteado
Próximo
article
José Pedro Cortes na Galeria Francisco Fino
26 Jan 2018
José Pedro Cortes na Galeria Francisco Fino
Por Umbigo