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sage comme une image, de Horácio Frutuoso
DATA
03 Nov 2020
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AUTOR
Diogo Graça
sage comme une image, de Horácio Frutuoso, está em exposição na Balcony – Contemporary Art Gallery, em Lisboa, desde 3 de outubro até 18 de novembro. O novo grupo de pinturas do artista, composto maioritariamente por autorretratos, constitui-se como um conjunto sublime e consistente que foge do previsível ao se aproximar intima e esteticamente do poético. São doze as pinturas a óleo sobre linho que formam a exposição deste artista que se institui cada vez mais como uma força ímpar e relevante.

sage comme une image, de Horácio Frutuoso, está em exposição na Balcony – Contemporary Art Gallery, em Lisboa, desde 3 de outubro até 18 de novembro. O novo grupo de pinturas do artista, composto maioritariamente por autorretratos, constitui-se como um conjunto sublime e consistente que foge do previsível ao se aproximar intima e esteticamente do poético. São doze as pinturas a óleo sobre linho que formam a exposição deste artista que se institui cada vez mais como uma força ímpar e relevante.

No cômputo geral, este conjunto de obras apresenta uma coesão cromática e temática raras. Já o traço mostra-se simultaneamente firme e delicado, exaltando as capacidades de precisão e detalhe de Frutuoso.

A figura humana do próprio protagoniza a maior parte das obras, sempre envolta numa espécie de ambiente onírico em flirt com uma dimensão de memória. O Horácio-pintado parece mostrar-se, mas não se exibir ao Horácio-pintor. O primeiro raramente encara o segundo de frente, nunca se insinuando ou posando para ele. Acresce a ideia de uma certa fuga, ou melhor, de movimento, que marca uma grande fração das obras, conferindo-lhes uma tridimensionalidade e dinamismo que são potenciados com a presença pontual de galgos e dálmatas em alguns dos quadros.

São várias as referências a textos, palavras, ícones, fotografias… prévios. Mas em nada essa alusão a motivos iconográficos soa a antigo ou requentado. Pelo contrário, as imagens propostas são de uma modernidade e novidade impressionantes que elevam o conceito de contemporaneidade à melhor das suas semióticas.

O destaque, apesar de difícil, converge para Against the moon (async) e Reconciliation, numa espécie de apoteose da exposição. Na primeira o domínio do binómio luz-sombra impressiona e confere à pintura uma energia luzidio-magnética, já na segunda a metalinguagem apresentada retroalimenta-se dupla e triplamente. Nela, o artista está na obra enquanto molde e enquanto moldador, existindo ainda o artista-terceiro que captura essa imagem. Reconciliation contém em si os elementos cromáticos, narrativos e poéticos que marcam esta exposição na proporção justa e numa lógica que tem tanto de humana como de imaterial, etérea e incorpórea.

A exposição sage comme une image apresenta uma combinação – mais que orgânica – verdadeira e potente da palavra e da imagem, num grupo de doze obras que individualmente se constituem como verdadeiros poemas pictóricos, mas que juntos se elevam ao estatuto de obra poética plena.

Em exposição até 18 de novembro, a visita não é obrigatória, mas é altamente recomendada.

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