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Ver com os olhos de um outro, de Louise Narbo, no Porto
DATA
24 Jan 2019
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AUTOR
Umbigo
A deficiência visual e a cegueira deixam qualquer um à mercê do outro. O sentido maior, aquele que rege e que provoca muitas vezes sinestesias várias, tal não é o seu poder, impera sobre todos os outros sentidos e grande parte do entendimento das coisas…

A deficiência visual e a cegueira deixam qualquer um à mercê do outro. O sentido maior, aquele que rege e que provoca muitas vezes sinestesias várias, tal não é o seu poder, impera sobre todos os outros sentidos e grande parte do entendimento das coisas no mundo é feito através do mesmo. A sua ausência é uma espiral interminável de terror e a perda quase total de independência e de autonomia, por vezes, até, de identidade. E mais dramático é para aqueles que a perdem em vida. Depois já não é a perda propriamente dita, a fatalidade. É a falta.

A fotógrafa Louise Narbo serve-se dessa experiência de perda e falta, depois de o seu pai ficar com o campo de visão significativamente reduzido. Narbo passa a ensaiar novos modos de ver, emprestando muitas vezes o seu olhar e procurando encontrar nos outros sentidos substituições e simulações possíveis, sem esquecer, claro, o trauma de tamanha privação. As mãos ganham olhos, a pele, também, e a mente redobra em imaginação as imagens que deixou de ver.

Ver com os olhos de um outro é a exposição que Louise Narbo preparou para a galeria Adorna Corações, no Porto, com data de término no dia 28 de fevereiro. A não perder.

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