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O Festival Materiais Diversos arrancou ontem em Alcanena e Minde
DATA
04 Out 2025
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AUTOR
Umbigo
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Até dia 12 de outubro de 2025, a Materiais Diversos apresenta uma extensa programação assente num ecossistema territorial e relacional que integra espaços em Minde, Alcanena e Lisboa, e que acolhe residências artísticas, espetáculos, concertos, caminhadas, seminários e exposições.
A Materiais Diversos, estrutura artística independente sediada em Alcanena, com atuação nacional e internacional, desenvolve um programa plural e descentralizado nas artes performativas, com foco na dança contemporânea. Afirmando-se como um projeto vivo e moldável aos desafios da contemporaneidade, o festival reforça, nesta primeira edição com direção artística de Cristina Planas Leitão, o trabalho desenvolvido desde 2009. 
É neste gesto de continuidade e transição que se inaugura um novo ciclo, mantendo-se um profundo enraizamento no território, um compromisso com o futuro e a vontade de afirmar o projeto como uma ‘casa-laboratório’ – um espaço de experimentação, cuidado, produção e partilha, que apoia artistas em diferentes fases dos seus percursos. 
Entre as inúmeras iniciativas promovidas pelo festival, destaca-se a exposição Guarda Rios / Escola Rio, patente no Centro Ciência Viva do Alviela, que apresenta o trabalho desenvolvido pelo Coletivo Guarda Rios no território do rio Alviela. Integram esta exposição os desenhos de Marta Castelo, feitos com tintas à base de pigmentos de terra recolhidos no Alviela, e o filme Diatomáceas e Hifomicetos – parte II, pintado e desenhado colaborativamente pelos 120 alunos das escolas de Alcanena e Minde sobre película 16mm. Ainda no território, realiza-se a caminhada Visita à Lapa da Cerejeira, com ponto de encontro na Serra de Santo António, que propõe uma escuta ativa da paisagem.
Ao longo do festival, são vários espetáculos que apresentam abordagens distintas à dança e ao corpo. Criada especialmente para a infância, a fábula dançada Andar para trás, de Sara Anjo, convida o público a imaginar outros modos de caminhar pelo mundo. Carolina Cifras, em Conversaciones con lo invisible, reflete - a partir de um ponto de vista necropolítico - sobre as nossas relações com a natureza, revelando como a política da morte nos relaciona invisivelmente com a vida. Chara Kotsali, com to be possessed, encena um ritual de possessão espiritual, dando vida a um arquivo DIY. Também marcam presença No Corpo: Assim se conhece o mundo, de Vânia Rovisco, e Pai para Jantar, de Gaya de Medeiros, que investiga as palavras, os sentimentos e arquétipos em torno da ideia de masculinidade. A encerrar a programação artística em Minde, Uma Conspiração Animista, de Sofia Dias & Vítor Roriz, uma peça sonora e coreográfica que conduz os espectadores numa meditação coletiva pela floresta, um ritual surrealista que questiona a nossa relação com o meio envolvente. 
Destaque também para o Seminário FUTURA - Práticas Curatoriais para a Transformação, a decorrer entre os dias 8 e 9 de outubro, que pretende repensar os modelos curatoriais convencionais, discutindo a curadoria, em diferentes geografias e contextos, como uma prática de cuidado e de resistência, capaz de reprogramar o real e ativar micro-revoluções. Entre os convidados para este seminário, encontram-se Alessandra Mattana, Gaya de Medeiros, Piny, Silvia Bottiroli, Cristina Planas Leitão. 
A música ocupa também lugar de destaque, com os concertos A Sul e Líquen, desenvolvidos em parceria com o Festival BONS SONS. O programa inclui ainda algumas atividades de mediação cultural, como a Aula de Minderico no Museu de Aguarela Roque Gameiro. O encerramento do Festival acontece no dia 12 de outubro, com uma série de apresentações no centro de Alcanena: Sofreh‑e del – Spread of the Heart (Mesa do Coração)”, Estúdio de Dança de Alcanena – Blackbox e La Chachi Taranto Aleatório, seguidos de um DJ set do coletivo Entwined – suburbae.
A programação completa do Festival poderá ser consultada aqui
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