article
This side of Nowhere – Carolina Pimenta na Galeria Nuno Centeno
DATA
18 Mai 2022
PARTILHAR
AUTOR
Margarida Oliveira
No passado dia 30 de abril, a galeria Nuno Centeno inaugurou a exposição This side of Nowhere, da artista portuense Carolina Pimenta.

No passado dia 30 de abril, a galeria Nuno Centeno inaugurou a exposição This side of Nowhere, da artista portuense Carolina Pimenta. No texto da exposição, Bernardo José de Souza descreve a obra fotográfica da artista enquanto uma criação atmosférica que “promove narrativas visuais que se constroem mediante a tecnologia afetiva mais elementar à nossa espécie, o tato, sentido que se impõe sobre os demais para conceder à pele plena soberania sobre o desejo”.

Em This side of Nowhere, Carolina Pimenta apresenta-nos o potencial sensorial da fotografia. Num conjunto de imagens a artista relembra-nos a capacidade que uma fotografia tem de despertar como que um reflexo emocional do subconsciente. Através de memórias de sensações passadas, num afastamento de sistemas de organização temporal e espacial narrativa, há na obra da artista uma abertura para a apreciação pura, que se afasta da racionalização da obra no sentido da incorporação da própria, à semelhança de uma memória Proustiana.

Um dos primeiros momentos da exposição será o confronto com uma barreira de tecido, uma imagem rasgada que recebe o público como uma iniciação, uma fronteira com aquele que é o espaço de apreciação das obras. Esta imagem, realizada em colaboração com a designer Constança Entrudo, representa uma muito literal barreira entre o espaço que é de exposição, e o que não o é. Num segundo momento, numa sala escura, esta separação repete-se, não num formato imagético ou até poético de atravessamento físico da obra, mas nem por isso menos claro. Nesta separação inicia-se uma disponibilidade para a obra, como que uma rendição à atmosfera da artista.

“Amplas imagens de campos e flores ‘pintadas’ fotograficamente por Carolina abrem janelas à paisagem exterior” escreve Bernardo José de Souza, num reconhecimento da obra enquanto meio intermediário para aquela que será a essência da sensação experienciada perante as paisagens escolhidas pela artista. As flores não são irreconhecíveis, pelo contrário, são mais reconhecíveis do que se estivéssemos na sua presença – há na obra da artista uma capacidade de evidenciar a essência das sensações causadas por “campos e flores”. Em Sobre Fotografia, Susan Sontag escreve “Finalmente, o mais grandioso resultado da fotografia é dar-nos a sensação de que somos capazes de segurar todo o mundo nas nossas cabeças – como uma antologia de imagens”. Na associação de memórias – sejam imagens, cheiros, texturas ou emoções – estará também a capacidade de apreciação da fotografia. Poderá um campo de flores lembrar o calor do sol e a frescura do ervado nos pés descalços de uma tarde de verão? E uma imagem de duas mãos abraçadas, o que poderá lembrar? A artista apresenta imagens transversais, sugestivas, para serem experienciadas pelo público sem determinações narrativas, criando um espaço para o outro.

A exposição de Carolina Pimenta está patente na Galeria Nuno Centeno até ao próximo dia 28 de maio.

PUBLICIDADE
Anterior
article
Doors to Heaven, de Andree Martis
18 Mai 2022
Doors to Heaven, de Andree Martis
Por Umbigo
Próximo
article
#longlivepdg: Manuel Botelho na Galeria Miguel Nabinho
19 Mai 2022
#longlivepdg: Manuel Botelho na Galeria Miguel Nabinho
Por Laurinda Branquinho