O trabalho de Margarida Sardinha está em constante evolução. O suporte utilizado é transversal e inclui projeções digitais, animação, caixas de luz ou instalação, envolvendo as suas últimas obras tecnologia holográfica. Como artista, o impulso catalisador latente a todos estes dispositivos é uma busca contínua, sem cedências, para compreender e dar sentido à existência – espaço, tempo e matéria. Os vários processos aplicados são apenas ferramentas do seu percurso, a serem utilizados para visualizar apropriadamente o seu caminho que originam momentos de verdadeira captura e que podem até justificadamente, serem denominados por absorvência, contemplação e êxtase.
Assim, o percurso de Margarida é uma constante exploração, uma conquista arqueológica do descobrimento que, mapeando jornadas interiores para nós, visualiza aspectos desse campo, o qual atua como peça vital da nossa existência.
Esta exposição adiciona a fusão de um novo suporte – a holografia. Neste caso a ‘imagem’ oscila diante de nós, flutuando como um planeta interestelar. Tal como nas suas obras anteriores, esta série de trabalhos interpela às ilusões do movimento cinético onde o observador se coloca no centro da cena, num espetáculo que agarra, seduz e hipnotiza quem nele participa. Estas são imagens difícil e lentamente conseguidas através de longas pesquisas, abrangendo culturas e milénios – incluindo estudos de simbologia, física, religião comparativa e mitologia. Por fim, contudo, as imagens apoiam-se principalmente no seu instinto, percepção e sentimentos – pressentindo a sua direção através de forças que, muito provavelmente, vão além do alcance da nossa capacidade mental.
A filosofia manifesta-se ao encontrar a sua conclusão na religião, e Margarida descobre serenidade e inspiração entre estes dois universos interrelacionados.
Texto de Neil McConnon (UK), Director de International Enterprises do Barbican Centre, em Londres.
(A exposição está patente no Espaço Camões da Livraria Sá da Costa, até 28 de junho, e foi organizada pela Ocupart.)
