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Tale About Urban Piracy, Museu Municipal de Coimbra – Edifício Chiado, 13º Festival das Artes QuebraJazz
DATA
17 Ago 2022
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AUTOR
Daniel Madeira
Com curadoria de João Silvério, Tale About Urban Piracy inaugurou no passado dia 21 de julho e estará patente, no Museu Municipal de Coimbra – Edifício Chiado, até ao dia 4 de setembro. Trata-se de uma exposição programada no contexto do 13º Festival das Artes QuebraJazz e que traz a Coimbra obras de 14 artistas, provenientes da Coleção Fundação PLMJ: Ana Janeiro, Adriana Molder, Carlos Guarita, Ilda David, Inês Botelho, Isabel Carvalho, João Pedro Vale, João Tabarra, Manuel João Vieira, Mauro Pinto, Pedro Calhau, Rosana Ricalde, Rui Chafes e Sara Bichão.

Com curadoria de João Silvério, Tale About Urban Piracy inaugurou no passado dia 21 de julho e estará patente, no Museu Municipal de Coimbra – Edifício Chiado, até ao dia 4 de setembro. Trata-se de uma exposição programada no contexto do 13º Festival das Artes QuebraJazz e que traz a Coimbra obras de 14 artistas, provenientes da Coleção Fundação PLMJ: Ana Janeiro, Adriana Molder, Carlos Guarita, Ilda David, Inês Botelho, Isabel Carvalho, João Pedro Vale, João Tabarra, Manuel João Vieira, Mauro Pinto, Pedro Calhau, Rosana Ricalde, Rui Chafes e Sara Bichão.

A Coleção Fundação PLMJ, iniciada no final do século XX, reúne cerca de 1300 obras de arte de artistas nacionais e internacionais. A sua política de aquisição é baseada em três vetores: acompanhamento das novas gerações de artistas; relação e atenção à produção artística dos países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); e a partilha e divulgação, nacional e internacional, da coleção através de um programa de exposições e de edições de catálogos e livros monográficos.

No início do percurso expositivo, três obras de Mauro Pinto exploram uma relação do corpo com a natureza, no campo do figurativo que pode, eventualmente, problematizar a relação entre o eu e o meio. Esta relação é explorada também em Cruz de Maio, de Carlos Guarita, e igualmente desenvolvida nas obras de João Tabarra e de João Pedro Vale. A flora assume, assim, um papel de protagonismo, numa relação simbiótica com o corpo humano, que mais tarde, no percurso da exposição, é abordado de diferentes pontos de vista: a duplicação do eu, em Onze #13, de Ana Janeiro, e uma abordagem do rosto, em Sem título (da série Reis), de Adriana Molder.

Na relação evidente com a urbe, quer pelo posicionamento do Museu Municipal de Coimbra, quer pelo título da exposição (retirado da obra de Isabel Carvalho que a integra), há tentativas de mapeamento de hipotéticos espaços urbanos como em Muro sobre geografia #4, de Inês Botelho e com Rosana Ricalde, que em Lisboa (da série Cidades Invisíveis) desenha uma planta com frases recortadas do livro com o mesmo nome, de Italo Calvino. O surrealismo da obra de Manuel João Vieira imprime uma crítica ao real de cariz algo jocoso. As obras de Sara Bichão e de Rui Chafes transportam, apesar das suas plasticidades distintas, matérias intersticiais no contexto da exposição, não deixando de reivindicar um espaço próprio, quase a implorar que se faça delas uma figura tão ou mais nítida que as outras imagens presentes. Pedro Calhau, com Estrelas Nº06, ratifica a ideia de que haverá algo que sempre suplantará a urbe e qualquer outro tipo de organização semelhante: o próprio universo – um termo que condensa tudo – do cognoscível ao incognoscível (pelo menos para já), todo o instante é um produtor de imagens, ora mais ora menos definidas, mas que sempre ficam, que sempre têm vizinhanças, que sempre, também elas, nos mapeiam. Em contacto com as obras expostas, estáticas, reforçamos o reportório imagético e somos como que alertados para a facilidade com que se pode moldar o real – talvez a pirataria urbana seja isto: ousar a transformação da cidade, pináculo do capital, do aceleramento, do utilitarismo, através desta incursão chamada arte. Pensemos nisso.

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