Questionando o significado contemporâneo do conceito de vizinhança, assim como as relações de proximidade social recorrentes do crescimento urbano de Braga nas últimas cinco décadas, o festival apresenta uma programação que reflete sobre formas de habitar e de nos relacionarmos com a cidade nos dias de hoje.
Num momento em que as relações de proximidade e conexão humana estão em profunda transformação, os curadores do festival procuram desconstruir o conceito de vizinhança ao selecionarem cinco urbanizações e três hortas urbanas — dois modos distintos de vizinhança – afirmando-os enquanto lugares de encontro, cuidado e experimentação. Resultante de um trabalho de investigação no terreno iniciado em 2024, foram realizados encontros, oficinas e sessões de auscultação com moradores destes locais cujas histórias e realidades específicas serviram de mote para a criação do festival e da sua programação. Num convite à redescoberta da cidade, concentrando-se em zonas fora do centro histórico, foram oito os espaços escolhidos para receber Forma da Vizinhança: as urbanizações de Fujacal, das Fontainhas, da Quinta da Capela, das Parretas e da zona da Makro, assim como as hortas urbanas da Quinta da Armada, das Lameiras e de São Vicente. Estruturas arquitetónicas temporárias, desenhadas por equipas de arquitetura nacionais e internacionais distribuem-se pelos oito locais do festival, num desafio lançado pelos curadores à criação de peças específicas que respondessem e se identificassem com os espaços em que se inserem e com os seus habitantes.
Dos ateliês e artistas convidados destaque para Manuel Bouzas, co-curador do Pavilhão de Espanha da Bienal de Arquitetura de Veneza, cuja estrutura Atlas se assume enquanto espaço de encontro entre moradores nas Fontainhas; Parto Atelier apresenta no Fujacal Arqueologias do Futuro, estufa-laboratório que convida a vizinhança a criar peças de cerâmica a partir da argila existente no próprio subsolo; o Atelier Local interveio no limite entre a horta urbana de São Vicente e o Bairro das Andorinhas, com um pequeno pavilhão em madeira onde uma mesa/janela circular rebatida convida ao encontro entre o bairro e a horta. A estes nomes acrescem-se os de Patrícia da Silva na zona da Makro com Vestígios; Nuno Melo Sousa na Parretas com Sala de Condomínio; ATA Atelier na Quinta da Capela com Rotação; LIMIT Architecture Studio na Horta da Quinta da Armada, Sementeira Ambulante e os cabo-verdianos RAM na Horta da Quinta das Lameiras, com Morabeza.
Desenhando um percurso distinto que reflete sobre a cidade construída e os modos como nela vivemos em conjunto, as oito instalações arquitetónicas temporárias receberão ao longo do período do festival, de junho a novembro, ações e ativações culturais por artistas e designers convidados com o objetivo de incentivar a sua ocupação, utilização e o encontro entre vizinhos. Cada instalação receberá ainda uma residência artística, inserida na programação do festival a cargo de nomes como: A Recoletora, Soraia Gomes Teixeira, Landra, Zabra, Gustavo Ciríaco, Frame Coletivo, Inês Neto dos Santos e Daniel Parnitzke.
Poderá encontrar mais informações sobre a programação do festival aqui.